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Blu-ray não emplaca nas vendas do Natal
Publicado em 31.12.2008
Discos de alta definição representam apenas 2% dos títulos comercializados: quatro milhões em 2008, contra 111 milhões do DVD. Mau desempenho se deve à crise e ao alto custo
Agência France Press
Mesmo depois de se tornar a única referência mundial em termos de discos de alta definição, o Blu-ray, sucessor do DVD, não conseguiu se transformar no principal presente desse Natal, prejudicado pela crise e por seu preço ainda muito elevado.
No dia 18 de fevereiro, a Toshiba jogou a toalha na batalha com a Sony para impor o formato dos discos de alta definição, abandonando o HD-DVD, o que deixou o Blu-ray da Sony como único formato em todo o mundo.
No entanto, quase um ano depois, a invasão do Blu-ray que alguns previam não se confirmou. “Ainda é um mercado pequeno”, afirma Michael Mathieu, analista do instituto de estudos GFK. “A conversão para esse formato será mais longa que a que vimos em 1995-1997 com a passagem do videocassete (VHS) para o DVD”, completa.
As vendas de leitores de mesa Blu-ray, se excluídos os consoles de videogames PlayStation 3, ainda não decolaram: são esperadas as vendas de quatro milhões em 2008, segundo a Strategy Analytics, muito longe dos leitores tradicionais (111 milhões).
A venda de discos Blu-ray representa apenas 2% dos títulos comercializados. “O público não é o mesmo de quando apareceu o DVD. Na época, nos dirigíamos para as casas com televisão. Agora, é preciso ter um monitor de alta definição para ter acesso, o que reduz o público potencial a um terço”, afirma Mathieu.
Além disso, um estudo científico recente mostrou que o salto tecnológico do DVD para o Blu-ray é menos perceptível para o público que o da passagem do VHS ao DVD. Outro fator que prejudica o desenvolvimento da tecnologia é a atual crise econômica. “Pensamos que o clima econômico vai frear a transição ao Blu-ray”, destaca Helen Davis, diretora do departamento de vídeo da britânica Screen Diges.
“As pessoas adiarão a compra, a não ser que o leitor de DVD tenha problemas. E mesmo neste caso vão preferir gastar 50 em um leitor clássico”, explica.
Os players Blu-ray, que também são capazes de ler os “antigos” DVDs, ainda são muito caros: na Europa custam, em média, 300 (US$ 420), mais que o dobro do que custam nos Estados Unidos (US$ 200). No Brasil, o aparelho não sai por menos de R$ 2 mil.
Segundo os analistas, o ano de 2009, o primeiro desde a supremacia do Blu-ray, deve ser determinante para o futuro da tecnologia. “O mercado deve mais que dobrar”, prevê o secretário-geral da associação Blu-ray Partners France, Arnaud Brunet. “Já constatamos uma aceleração, especialmente nos Estados Unidos, onde títulos como Homem de ferro e Cavaleiro das trevas já registram recordes de vendas”, acrescenta.
Os novos meios de distribuição de filmes, como o vídeo pré-pago, não constituem, segundo Brunet, uma ameaça imediata. “Os consumidores ainda são muito apegados ao suporte físico”, afirma. No entanto, para a Toshiba, grande perdedora da guerra dos formatos de alta definição e, portanto, obrigada a fazer uma mudança radical em sua estratégia, essa “desmaterialização” é uma evolução inevitável.
“Tenho a impressão (de que o Blu-ray) não é mais que uma etapa”, prevê o diretor-geral da Toshiba na França, François Séguineau, convencido de que os boxes e os leitores de DVD serão em breve relíquias do passado.