O estudante pernambucano de 15 anos curado de raiva, doença tida como mortal em 100% dos casos, sofreu convulsões ontem, após os médicos retirarem a sedação para avaliar a reação após a infecção.
Ele voltou a ser sedado e está inconsciente, em estado grave e com risco de morte. Segundo um dos médicos responsáveis pelo tratamento, Gustavo Trindade Henriques Filho, as convulsões podem indicar que há lesão cerebral. Exames neurológicos foram feitos para avaliar as seqüelas da doença.
O jovem foi o primeiro caso de cura da raiva no país e o segundo no mundo, segundo o Instituto Pasteur. Ele respira com auxílio de aparelhos, e não há previsão de alta.
Tratamento
O estudante foi submetido a um tratamento desenvolvido em 2004 por médicos de Milwaukee (EUA). O método, baseado em coma induzido e utilização de um antiviral, foi aplicado com sucesso em uma adolescente americana.
Desde então, o mesmo tratamento foi repetido em outras 16 pessoas no mundo, mas apenas a adolescente de Milwaukee e o estudante pernambucano sobreviveram.
Raiva
O garoto, filho de lavradores do município de Floresta (435 km de Recife), foi mordido em casa por um morcego enquanto dormia e só começou a tomar a vacina anti-rábica quatro dias depois --mas não recebeu todas as doses necessárias, nem tomou o soro anti-rábico. Um mês depois, ele apresentou os primeiros sintomas da doença --inquietude, insônia e alterações na sensibilidade.
Mais Sobre a Raiva
O que é ?
É doença infecciosa aguda que uma vez instalada é sempre fatal. É causada por um vírus que se alastra pelo sistema nervoso de animais de “sangue quente” domésticos ou selvagens, cães, gatos, macacos, morcegos.etc , incluindo o homem.
Como se adquire ?
A transmissão da raiva se dá pela saliva do animal contaminado pelo vírus da raiva, através de lesão da pele do novo hospedeiro. Este vírus pode inoculado por arranhadura, mordida ou lambida do animal doente. Característica da própria doença é o aumento da agressividade do doente, o que facilita o ataque do doente a um novo animal ou ao homem.
O que se sente ?
O período de incubação (tempo que medeia desde o “acidente” até o aparecimento dos sintomas) é longo e nunca inferior a 3 semanas, podendo chegar a 2 anos.
A apresentação inicial da doença no animal é semelhante à no homem: aumento da agressividade e perda do medo. O vírus inicialmente se localiza nos tecidos próximos ao ferimento podendo haver dor local ou anestesia e inchaço. Com a disseminação através do próprio nervo chega ao sistema nervoso central causando encefalite e outros danos do sistema nervoso. A disseminação para outros órgãos se faz por via sanguínea.
Surgem espasmos musculares,ansiedade extrema, convulsões, violenta raiva, impulso incontrolável de morder e bater nos outros. Os espasmos musculares do orofaringe tornam a deglutição muito dolorosa. O indivíduo desenvolve medo incontrolável até da visão dos líquidos – hidrofobia -, não há perda da consciência até a instalação do coma, a morte ocorre em 100% dos casos.
Como se faz o diagnóstico ?
O diagnóstico da doença pelo quadro clínico é sempre tardio. As suspeitas podem ser comprovadas por biópsias de pele ou córnea, e por exames imunológicos de saliva ou sangue.
Como se previne ?
A prevenção mais importante é a vacinação sempre atualizada dos animais de convívio próximo. Em profissões de alto risco pode ser cogitada a vacinação preventiva humana. Após o acidente com risco de adquirir-se a raiva, vacina e anticorpos anti-raiva devem ser aplicados o mais precocemente possível sempre com orientação da autoridade sanitária local e ou do médico assistente.
Fontes Folha, ABC da Saude